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Indicadores da indústria eletroeletrônica melhoram, mas falta de componentes preocupa

Os indicadores da indústria eletroeletrônica mostraram-se melhores no mês de março, de acordo co Sondagem de Conjuntura realizada pela Abinee.

Segundo o levantamento, 65% das empresas pesquisadas indicaram crescimento nas vendas/encomendas em relação a março de 2021. Este resultado foi 10 pontos percentuais acima do observado na pesquisa realizada em fevereiro de 2022 ao comparar com fevereiro do ano passado, que estava em 55%.

Em relação ao mês imediatamente anterior, 65% das entrevistadas indicaram crescimento nas vendas. O percentual também foi superior aos 50% verificados na pesquisa de fevereiro.

Foi favorável a redução de 43% para 24% no total de entrevistadas que registraram negócios abaixo do esperado. Esse indicador havia apontado incremento na pesquisa de fevereiro e voltou a cair em março.

Dessa forma, a maior parte das entrevistadas (76%) informou que os seus negócios foram acima (25%) ou conforme (51%) as expectativas.

A utilização da capacidade instalada voltou a subir após duas quedas seguidas, atingindo 78%, 2 pontos percentuais acima do resultado verificado no mês anterior (76%).

No que se refere ao nível de emprego, não foram observadas alterações significativas nas indicações apontadas neste levantamento em relação à pesquisa anterior, com a maior parte das entrevistadas, ou seja, 78% das empresas, apontando estabilidade.

No comércio internacional, 35% das entrevistadas relataram aumento das exportações comparadas com igual período de 2021. Este percentual foi 5 pontos percentuais abaixo dos 40% observados na pesquisa anterior.

Apesar dessa indicação na sondagem, os dados da Secex/ME agregados pela Abinee, mostraram incremento de 27% nas exportações de produtos elétricos e eletrônicos no primeiro trimestre de 2022 em relação ao igual período do ano passado.

Nesta sondagem realizada pela Abinee, a maior parte das empresas indicou normalidade nos estoques, tanto de componentes e matérias-primas (54%), quanto de produtos acabados (55%).

No que se refere a financiamentos para capital de giro, observou-se que 26% das empresas citaram dificuldades na obtenção desses recursos, percentual inferior aos 32% observados na pesquisa anterior. Destaca-se que 67% das entrevistadas não utilizam esses instrumentos.

Houve também a elevação de 46% para 59% no total de pesquisadas que relataram pressões em alguns custos, tais como de energia, água, impostos, entre outros. Destaca-se que esse incremento ocorreu após duas quedas seguidas.

A inflação vem sendo uma das principais dificuldades que as empresas estão enfrentando nos últimos dois anos. Conforme dados do IBGE agregados pela Abinee, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) da indústria eletroeletrônica, no mês de fevereiro de 2022, registrou aumento de 15% no acumulado dos últimos 12 meses.

COMPONENTES E MATÉRIAS-PRIMAS – A sondagem de março também mostrou que continuam as dificuldades decorrentes da falta de componentes eletrônicos, principalmente de semicondutores no mercado e sua consequente alta de preços.

Na sondagem de março de 2022, 58% das pesquisadas relataram dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado. Este resultado foi 6 pontos percentuais acima do verificado na pesquisa anterior (52%).

Ultimamente as dificuldades estão mais concentradas na aquisição de componentes eletrônicos, visto que o abastecimento das demais matérias-primas vem se normalizando nos últimos meses.

Entre os insumos em falta no mercado, destacaram-se os componentes eletrônicos provenientes da Ásia, relatados por 76% das empresas que estão com dificuldades na aquisição de insumos, seguidos dos componentes eletrônicos provenientes de outras origens, com 50% das indicações.

Destaca-se a redução no percentual de empresas que citaram dificuldades na aquisição das outras matérias-primas, tais como papelão, aço, materiais plásticos, que atingiram 14% das entrevistadas. Essas indicações ultrapassavam 50% no início do ano passado.

Além da dificuldade na aquisição destes itens, 73% das empresas pesquisadas continuam sentindo pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas.

A falta de componentes eletrônicos no mercado continua trazendo algumas dificuldades para as empresas do setor, tais como atraso na produção e na entrega, citado por 39% das entrevistadas e até mesmo paralisação parcial da produção, relatada por 4% das pesquisadas.

Vale destacar que as empresas também mostraram preocupação com as restrições, ou seja, com os “lockdowns” que estão sendo aplicados em algumas regiões da China para conter os surtos de Covid-19 no país, que podem ampliar ainda mais as dificuldades na aquisição de componentes dessa região.

Mesmo com esses entraves, nenhuma empresa informou paralisação total da produção devido à falta de componentes eletrônicos, desde fevereiro de 2021, quando essa questão foi inserida na sondagem.

SEMICONDUTORES – Especificamente no caso de semicondutores, 73% das entrevistadas que utilizam esses componentes na sua produção relataram as dificuldades na aquisição destes itens no mercado.

Além de todas as preocupações gerais referentes à invasão da Ucrânia pela Rússia, principalmente em relação aos aspectos humanos, aumentaram as preocupações das empresas fabricantes de produtos eletroeletrônicos referentes às consequências desses conflitos na atividade do setor, visto que estes países são grandes produtores globais de paládio e gás neônio, que são insumos essenciais na produção dos chips.

Conforme essa pesquisa, 31% das entrevistadas acreditam que o fornecimento indireto de componentes deverá ser afetado, pois essas empresas importam de países que utilizam matérias-primas da Rússia e Ucrânia. Esse percentual foi bem superior aos 6% apontados na sondagem anterior.

Neste levantamento, 2% das empresas pesquisadas mostraram preocupação com a aquisição de componentes por importar diretamente desses países.

Ainda relativo a essa questão, 43% das entrevistadas informaram que utilizam componentes de outras origens e, portanto, o fornecimento deverá continuar normal. E 24% das entrevistadas que importam componentes ainda não receberam nenhuma informação de seus fornecedores sobre dificuldades de abastecimento de componentes.

Mesmo ainda considerando muito difícil avaliar os impactos dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia neste momento, observou-se que desde a pesquisa de fevereiro, algumas empresas já começaram a retardar a previsão de normalidade no fornecimento de semicondutores.

Na pesquisa referente ao mês de janeiro, a maior parte das entrevistadas, 53%, acreditavam que a normalidade no abastecimento de componentes semicondutores ocorreria até o final de 2022. Já na sondagem de fevereiro, esse percentual diminuiu para 36%, recuando para 30% em março.

Ainda nas três últimas pesquisas, aumentou o número de entrevistadas com previsão de normalidade apenas em 2023, passando de 34% na sondagem de janeiro, para 45% nos levantamentos de fevereiro e de março.

Houve também a elevação no percentual de empresas sem previsão, que passou de 13% em janeiro, para 19% em fevereiro e para 25% em março.

GARGALOS LOGÍSTICOS – A Sondagem também mostrou que permanecem alguns gargalos logísticos que vêm sendo enfrentados pelas indústrias eletroeletrônicas desde o início da pandemia e que podem ser agravados em função dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, principalmente no que se refere aos preços dos fretes.

Além disso, as empresas mostraram preocupação com a operação padrão de auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, iniciada em dezembro do ano passado que também vem prejudicando as importações e exportações de bens do setor. Todos esses fatores estão gerando dificuldades ao comércio internacional.

Nesta sondagem, 63% das entrevistadas que exportam relataram problemas no envio de cargas nas exportações marítimas. Esse percentual estava em 65% em janeiro deste ano, chegou a recuar para 55% em fevereiro, porém voltou a subir em março (63%).

Entre esses entraves, destacaram-se o atraso na reserva do frete marítimo, relatado por 45% das entrevistadas, as dificuldades de reserva de contêineres (37%) e o aumento de preços (39%).

Nas importações, considerando todos os modais de transporte, 75% das empresas indicaram atrasos no recebimento de cargas.

Neste caso também o percentual de entrevistadas que relataram atrasos no recebimento de cargas estava em 79% em janeiro, recuando em fevereiro para 69% e voltando a subir em março para 75%. Também que 49% das entrevistadas perceberam elevação nos custos de armazenamento de cargas em galpão.

EXPECTATIVAS – Mesmo com muitos desafios, as expectativas para 2022 permanecem favoráveis. Os indicadores econômicos mostram um cenário de incertezas, com crescimento do PIB modesto e elevação da inflação e taxa de juros, fatores que inibem os investimentos.

As principais dificuldades enfrentadas pelas empresas do setor no ano passado continuam neste primeiro trimestre do ano, com as atenções voltadas para a falta de semicondutores no mercado, sua consequente alta de preços e os gargalos logísticos.

Além disso, os empresários também estão alertas com as possíveis consequências dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia.

Também é importante acompanhar o controle da pandemia na China, que anunciou “lockdown” em algumas regiões do país, o que pode dificultar ainda mais a aquisição de componentes e insumos dessa região.

Outro fator de preocupação é a operação padrão de auditores fiscais da Receita Federal, visto que se esse problema não for resolvido rapidamente, a tendência é que essa situação se agrave a cada dia, afetando diretamente o desempenho da indústria eletroeletrônica, que já vem sofrendo com falta de insumos e aumento nos custos de importação.

(Fonte: Ipesi Digital – 29/04/2022)

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